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Vantagens e desvantagens de uma suposta moeda única do Mercosul

Fernando Haddad, o novo ministro da Fazenda do Brasil, tem colocado a adoção de uma moeda comum para o Mercosul na agenda econômica do país. A intenção é integrar o bloco e fortalecer as relações entre os membros do Mercosul, como Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela. Embora Haddad tenha afirmado que não há planos para criar uma moeda única semelhante ao Euro, o projeto já foi discutido em mandatos anteriores. É importante avaliar se a adoção de uma moeda única traria benefícios econômicos para o bloco e para cada país membro.

O que é uma moeda única e como afetaria o Brasil?

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Imagem de uma suposta moeda entre Brasil e Argentina feita por IA.

 

Uma moeda única é um sistema monetário no qual países abrem mão de sua moeda vigente em prol de uma mesma moeda oficial como meio de pagamento, servindo para transações comerciais dentro e fora de suas fronteiras. A ideia de uma moeda única não é nova e começou a ser discutida após o êxito do euro. No caso do Mercosul, a ideia é substituir as moedas locais por uma moeda única, mas atualmente a discussão é para uma espécie de moeda de transação entre os países.

O impacto de uma moeda única do Mercosul dependeria do perfil adotado, mas é difícil que beneficie o Brasil. O país é economicamente mais forte na América do Sul, então seria o principal país de lastro (garantia de valor) dessa situação econômica. O Brasil absorveria o risco, inclusive, de países menores. Além disso, o país perderia o instrumento monetário de trabalhar a própria taxa de juros e de utilizar o controle da inflação.

A comparação com as nações vizinhas mostra que há inflações muito diferentes entre os países da América do Sul, como a Argentina e a Venezuela, que possuem processos inflacionários muito mais acelerados do que o Brasil. Dessa forma, o Brasil teria que absorver todas essas diferenças inflacionárias caso aderisse a uma moeda única do Mercosul.

Quais benefícios e riscos a adoção de uma moeda comum poderia trazer ao Mercosul?

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Imagem de uma suposta moeda entre Brasil e Argentina feita por IA.

A adoção de uma moeda única no Mercosul pode trazer vários benefícios, como a facilidade nas transações econômicas entre os países membros. Segundo o economista e professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Marcos Rambalducci, a moeda única do Mercosul torna as transações muito mais fáceis, pois não há a necessidade de fazer cálculos para transformar preços de um país em moeda de outra nação. Isso ajudaria a aprofundar as relações comerciais entre os países membros e melhorar o desempenho econômico.

Entretanto, existem também desvantagens na adoção de uma moeda única, como a dificuldade de harmonizar as diferenças econômicas entre os países membros do Mercosul. Cada país tem sua própria estrutura de custos, nível de endividamento, dependência de outras moedas estrangeiras, etc. Isso pode levar a conflitos entre as economias, já que se trata de juntar em uma mesma economia, várias economias diferentes. A necessidade de um Banco Central único que determinaria a política monetária para o bloco também pode ser um desafio.

Será que uma moeda única será implantada no Mercosul?

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Imagem de uma suposta moeda entre Brasil e Argentina feita por IA.

A discussão sobre a possível implementação de uma moeda única no Mercosul voltou à tona recentemente, mas ainda não há uma proposta clara ou detalhada sobre o assunto. A economista e professora da Universidade Positivo, Cintia Rubim, afirma que ainda é preciso aguardar para entender como o novo governo vai lidar com essa questão. Recentemente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi questionado sobre o projeto e negou a existência de uma proposta de moeda única. No entanto, um ano atrás, ele escreveu um artigo defendendo o uso de uma moeda unificada no Mercosul com o objetivo de fortalecer a soberania monetária e ampliar a integração dos países sul-americanos.

Quais outros grupos econômicos adotam moeda única?

Atualmente, há vários blocos econômicos que utilizam uma moeda única. Um dos mais conhecidos é a Zona do Euro, que reúne 20 países e foi estabelecida em 1999. Atualmente, é a segunda maior economia do mundo. Além disso, a África também possui um grupo de 14 países que utilizam o sistema unificado desde 1945 e a moeda é o Franco CFA (Colonies Françaises d’Afrique, ou colônias francesas da África, em livre tradução).

Em 2019, a França e oito países africanos anunciaram um acordo para encerrar a moeda, que remete ao período colonial e dar vez ao ECO. A transição de moeda comum acabou sendo adiada para 2027 devido à pandemia causada pelo coronavírus e outros fatores que implicam na substituição.

É importante mencionar que a adoção de uma moeda única tem suas vantagens e desvantagens e é uma decisão complexa que depende de diversos fatores. Continue acompanhando as notícias para ficar atualizado sobre o assunto.